A Floresta Nacional do Araripe, no Cariri, oferece diversos caminhos a serem trilhados e visitados nas férias
Juazeiro do Norte. A Chapada do Araripe é um atrativo natural. Unir a beleza da natureza aos passeios pela mata tem sido a boa pedida para as férias. Que o diga os trilheiros. É cada vez maior o número de adeptos a adentrarem na Floresta Nacional do Araripe (Flona), seja nas caminhadas de quilômetros, quase sem sentir, ou de bicicleta, com grupos que estão antenados com a natureza do Cariri. O turismo ecológico tem sido cada vez mais estimulado na região.
Grupos de educação ambiental têm visto nessas iniciativas uma boa oportunidade para adequar o prazer do esporte à conscientização. O bom espaço de harmonização, como diz a educadora ambiental e bióloga, Wanda Lúcia Batista. Ela faz parte da equipe do Geopark Araripe e da Secretaria de Meio Ambiente do Crato. A cada semestre, o grupo tem organizado novas trilhas dentro dos geossítios para serem percorridas por jovens e adultos, adeptos da boa caminhada. E, com isso, ainda ofertar o conhecimento das riquezas naturais da região.
Para a bióloga, as atividades consistem em passeios temáticos. A iniciativa começou no ano passado e previa a participação de empresários e profissionais liberais, além da comunidade em geral. Hoje, simplesmente esses órgãos são procurados para que as pessoas tenham mais conhecimento dessas áreas e saibam o caminho das trilhas, para seguir passeio.
Santa Cruz
A técnica do Geopark, Flaviana dos Santos, afirma que não há um número exato de trilhas na Chapada, mas algumas delas já são bem conhecidas. Normalmente, essas têm sido feitas por grupos da própria região e pessoas que chegam de outras localidades, para conhecer de perto os atrativos da Chapada do Araripe. Mas o trabalho dos técnicos do Geopark tem sido restrito basicamente nas trilhas das áreas dos geossítios, que abrangem localidades como Crato, Juazeiro do Norte, Missão Velha, Barbalha, Santana do Cariri e Nova Olinda.
Em Santana do Cariri, por exemplo, pode ser percorrida uma pequena trilha que dá acesso ao Pontal da Santa Cruz. De lá de cima, o presente da bela imagem panorâmica da Chapada com a conquista da chegada. Há também a trilha do Picoto. Essa é uma das mais longas, pelas áreas de encosta, no Crato. Quem quer contemplar a beleza da cachoeira de Missão Velha, também poderá buscar trilhas nas proximidades da área, além do Riacho do Meio, em Barbalha. Outra opção especial passa a ser um misto de fé e amor pela natureza, para quem decidir caminhar pelo Santo Sepulcro, na Serra do Horto. Literalmente, o caminho das pedras, com a chegada numa pequena capela. Lugar de silêncio e oração, com a visão serrana do alto das pedras.
PlanejamentoAs trilhas temáticas, segundo Wanda, requerem todo um planejamento do ponto de vista de educação ambiental. Num primeiro momento é feito um trabalho de contextualização das trilhas, com técnicas de relaxamento e a sensibilização, do contato físico com os elementos da natureza. Ouvir os pássaros, por exemplo, beber da água cristalina das nascentes embrenhadas na floresta. "Uma bela oportunidade de harmonização do homem com os elementos terra, água e ar", diz. Para ela, é uma forma de sensibilizar as pessoas para a importância da preservação. O resultado de tudo isso, segundo Flaviana, é mesmo o encantamento. "As pessoas que vão até esses lugares ficam simplesmente extasiadas com a beleza da serra", afirma.
E para realizar essas trilhas o que não falta é gente especializada no assunto. Tanto orientado como seguir em cada um desses espaços, trabalho feito pelos integrantes do Geopark, ou atuando com as trilhas programadas, como as que deverão acontecer na segunda quinzena de julho, como opção de férias para a garotada.
De duas rodas também vale. E assim também vão pelas veredas da Flona as centenas de ciclistas, que redescobriram o esporte radical de mountain bike, ou simplesmente o prazer de um passeio em contato com o aconchego das matas do Araripe. Hoje, são dezenas de grupos formados pelo Cariri que, pela manhã ou no fim da tarde, pedalam pelas trilhas. O esporte ganha adeptos em todos os pontos da região. Um dos grupos mais antigos é o Ecobiker´s, no Crato. Começou com seis apaixonados pelo esporte e hoje conta com mais de mil cadastrados.
Para iniciantes
Durante o mês de julho, os passeios se intensificam. E para dar mais prazer a esse tipo de esporte, serão iniciados este mês as trilhas e passeios programados para os iniciantes, às quartas-feiras à noite e aos sábados pela manhã. Para quem não tem sua bicicleta, isso não é empecilho para desistir. Serão passeios com grupos que já entendem bem dos caminhos por onde trilhar na região.
O consultor técnico ciclista, Ernesto Rocha, diz que o projeto Bike Adventure será iniciado, principalmente, pensando nas pessoas que têm a vontade de participar desses grupos, ou que simplesmente venham à região e busquem conhecer as trilhas da Chapada. São inúmeras, segundo ele, que é um amante da natureza caririense. É só encontrar o grupo, pensar por onde ir e sair pedalando.
Ele destaca a segurança do trajeto e também os técnicos que irão acompanhando os esportistas. O projeto inclui aluguel de bicicletas para o tipo de passeio, com todo o aparato de segurança. E surgem grupos específicos, como o Batom, formado só por mulheres. Mas esse, segundo ele, é para as que estão mais treinadas em termos de trilhas com percurso maior.
A paixão pelas bikes se disseminou após campeonatos no Cariri. As belezas naturais atraem atletas de todo o Nordeste para o MTB 6 horas, no Crato, no Distrito de Santa Fé. São 170 quilômetros percorridos. Não tem local específico, o grupo escolhe entre áreas de preservação, como Sítio Fundão, no Crato; o Sítio Arajara, em Barbalha; Baixio do Muquém, Vila Padre Cícero, Sítio Rosto e Cascata, no Crato. Resta se habilitar a seguir nas trilhas.
MAIS INFORMAÇÕES:
Bike Adventure/Ecobiker´s
Rua Tristão Gonçalves, 501
Telefone: (88) 9904.6263
Geopark Araripe: (88) 3102.1237
FUNDAÇÃO CASA GRANDE
Nova Olinda dispõe de pousada familiarAlém de hospedagem, a Coopagran dispõe de roteiros turísticos que englobam as cidade de Nova Olinda, Santana do Cariri e Assaré
Nova Olinda. No mapa das férias do Cariri, há locais especiais e aconchegantes, que têm como receptivo os próprios moradores da região. A Cooperativa dos Pais e Amigos da Casa Grande (Coopagran), em Nova Olinda, há alguns anos iniciou o trabalho com as pousadas familiares. E o turista tem a oportunidade de se sentir em casa. De acordo com a presidente Maria Meirevan Rodrigues, o mês de julho passa a ser um dos mais concorridos do ano, por ser época de férias.
São dez famílias de cooperados, que possibilitam um serviço diferenciado para os turistas que sobem a serra. São casas que têm três ou até quatro pousadas. Só que Meirevan afirma que há reservas para todo o mês. São turistas de São Paulo, Pernambuco e outros Estados. As diárias custam R$ 60,00 e o hóspede tem direito a café da manhã, almoço e jantar.
Também é feito um receptivo às famílias pela Fundação Casa Grande, com um roteiro para ninguém botar defeito. Começa pelas pegadas do homem Kariri, no Memorial da entidade. A arqueologia presente no Cariri tem alguns dos seus exemplares expostos no local. Além de conhecer a Chapada, o visitante poderá seguir pelas trilhas da poesia, como o Museu de Patativa, a poucos minutos, na vizinha Assaré.
O Museu de Paleontologia se avizinha de Nova Olinda, em Santana do Cariri. Uma oportunidade de conhecer as espécies do período Cretáceo, a exemplo dos pterossauros, tão divulgados nas telas de cinema por Spielberg. Além disso, as famosas e estilizadas sandálias e artigos em couro de Espedito Seleiro estão à mostra, na cidade de Nova Olinda.
A presidente da cooperativa afirma que não tem faltado gente para as pousadas. É cada vez maior a procura, e quando as casas estão com lotação esgotada, o encaminhamento é feito para os outros locais de hospedagem da cidade. Sem falar no período em que acontece os eventos da própria fundação, em que os espaços de hospedagem se esgotam rapidamente. Mas fica a pedida. Vale a pena tentar chegar lá.
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