Juazeiro do Norte A arte de transformar também é centenária. Nasceu com Juazeiro. Essa é uma lição ensinada desde o princípio da cidade, pelo seu fundador, Padre Cícero. As oficinas se multiplicavam, muitas delas se somavam com a poesia da escultura, trançado da palha e o molde da argila. O artesanal se fez pela necessidade. Os chapéus passaram a ser tradição do romeiro. As panelas de barro meio para a sobrevivência, das lamparinas de zinco veio a claridade da noite até o alvorecer. O engenhoso construía a cidade num efeito em cadeia. Até hoje, a contraposição às novas tecnologias se destacam nos centros de cultura.
As centenas de artistas que compõem o cenário da arte de Juazeiro do Norte implementam a economia. São famílias que têm como principal meio de sobrevivência a arte. O mercado da arte atrai para Juazeiro do Norte compradores do Brasil e exterior. Isso, segundo o presidente da Associação dos Artesãos do Padre Cícero (Centro de Cultura Popular Mestre Noza), Hamurabi Batista, alimenta uma cadeia na economia local, que vai desde os hotéis a restaurantes da cidade.
Os artesãos ficam felizes em ver a arte que identifica e divulga a cidade centenária em várias partes do mundo, desde a Europa, América Latina, aos países asiáticos. As duas principais associações, a do mestre Noza, e a Associação dos Artesãos da Mãe das Dores e do Padre Cícero, unem empreendedorismo, capacitações e auxiliam no processo de abertura de novos espaços para os seus associados. A Mãe das Dores trabalha principalmente com os artesãos da palha. A rua do Horto, para se ter uma ideia, reunia até cerca de quatro anos atrás, pelo menos mil artesãos do trançado da carnaúba e da palha de milho.
Eram famílias reunidas nas calçadas buscando a sobrevivência, com a arte de produzir diversos artigos com a matéria-prima. A palha de milho, por exemplo, se tornou um pouco mais escassa com a modernidade. É que as máquinas coletoras na roça estragam o material usado para o trançado. Os próprios artesãos estão indo para as roças colher as palhas. Outro fator tem sido a ausência dos novos artesãos para dar sequência ao legado incentivado pelo Padim.
Mas isso não é problema, segundo Hamurabi. Para ele, sempre vai existir a contraposição ao moderno. E o artesanal é isso, com a qualidade que Juazeiro pode oferecer. Atualmente, o Mestre Noza conta com 185 cadastrados e 90 efetivos. Cerca de 500 artesãos de Juazeiro trabalham com esculturas em madeira. Isso sem contar com os do trançado da palha, argila ou mesmo o zinco. Já a Mãe das Dores chegou a 50 sócios e, hoje, conta de forma direta com 27 famílias dependendo da instituição. Mas dezenas de artesãos já passaram por capacitações no local. O presidente, Luciano Bezerra, está no local desde os 13 anos. A entidade é para ele uma escola de formação para a vida.
Fazer artesanal
Segundo Hamurabi, o artesanato é a atividade produtora de equipamentos e outros utilitários decorativos, que acontece onde a indústria não alcança. "Está aí a importância da atividade geradora de trabalho e renda, destacando a importância no centenário de Juazeiro", diz.
Hamurabi lembra que antes da indústria, os produtos eram feitos de maneira artesanal. O Padre Cícero identificou vocações e aptidões e encontrou o Mestre Noza, um romeiro que escolheu Juazeiro como morada. E foi esse artista que fez a primeira estátua do "Padim" em madeira e contou com a aprovação do sacerdote. (E.S.)
MAIS INFORMAÇÕESAssociação dos Artesãos da Mãe das Dores e do Padre Cícero, (88) 3512.2829; Centro de Cultura Popular Mestre Noza, (88) 3511.3133
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